quinta-feira, 10 de setembro de 2015

VIII Simpósio Brasileiro de Doença Falciforme nas Redes de Atenção à Saúde

A doença falciforme (DF) é uma enfermidade crônica, genética e hereditária resultante de uma mutação nas hemácias que compõem o sangue humano, ocorrida há milênios no continente africano como defesa contra a malária. Com a imigração forçada de populações africanas para serem escravizadas em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, a DF se espalhou por quase todos os continentes. Ao longo de pelo menos três séculos, tem nos seus descendentes parte importante da sua população e força de trabalho, com certeza, mais de 50% dos brasileiros.

Com a chegada desses contingentes populacionais, veio também a DF, enfermidade que se multiplica anualmente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e muitos especialistas estimam o nascimento de 2.500 pessoas com a doença por ano no país.
O movimento de homens e mulheres negras do Brasil há anos lutava pela implantação de uma política nacional de atenção integral à saúde da população negra. Além disso, era necessário que também houvesse uma política específica para a DF. Assim, em 2005 foi instituída a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas com Doença Falciforme (PNDF), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de mudar a história natural da doença e reduzir a morbiletalidade, visando a uma vida mais longa e de melhor qualidade das pessoas com a doença.
Embora uma ocorrência milenar, a DF somente foi identificada no Ocidente há pouco mais de cem anos. Apesar disso, no Brasil, somente no século XXI passou a ter visibilidade e suscitou providências do Estado. A PNDF foi instituída pela portaria GM/MS de nº 1391, de 16 de agosto de 2005, sob a condução da Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH), vinculada ao Departamento de Atenção Estratégica (DAE), da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS).
O VIII Simpósio Brasileiro de Doença Falciforme, sediado em Vitória, ES, em 2015, dá continuidade a um importante trabalho de cunho científico e de agregação das pessoas com DF, visando ao constante aprimoramentodessa política pública, como já aconteceu em eventos similares no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador. Esses simpósios são bienais e sempre com um foco de aspecto relevante para o progresso da atenção e cuidado em DF nas redes de atenção, contemplando essa população de forma multidisciplinar e multiprofissional. Por isso, o tema escolhido para o evento de Vitória é de fundamental importância: DOENÇA FALCIFORME NAS REDES DE ATENÇÃO E SAÚDE.
Realizado em parceria do Ministério da Saúde com a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), a Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo, a Secretaria Municipal de Saúde de Vitória e a Federação Nacional das Associações de Pessoas com Doenças Falciformes (Fenafal), será um grande passo para agregar multidisciplinarmente os saberes, as pesquisas e as questões que permeiam a atenção às pessoas com a DF no âmbito do SUS.
É essencial aplicar as normatizações da PNDF em todo o Brasil e a inclusão das pessoas com DF nas redes de atenção, para que a atenção integral seja efetivamente realizada. E isso representa um grande desafio na qualificação dos trabalhadores do SUS para conhecer, identificar e cuidar das pessoas com a doença. Os cuidados preconizados e disponíveis da tabela SUS precisam chegar a todas as pessoas com DF, em todos os recantos do país.
Bem-vindos à capital capixaba. Com certeza, serão colhidos aqui frutos duradouros para tornar a PNDF ainda mais eficaz e eficiente.                                                                           



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